Está em vigor, desde hoje, o acordo entra a APAS –
Associação Paulista de Supermercados e o Governo Estadual para que os
supermercados não mais ofereçam sacolas plásticas para os seus clientes. Junto
desse acordo gira uma campanha publicitária que afirma que as sacolas plásticas
sufocam o planeta.
Parece lindo que uma associação criada fundamentalmente para
defender os interesses dos donos de supermercados do estado de São Paulo, volte
sua atenção para uma causa tão nobre como a do meio ambiente e a
sustentabilidade do planeta.
A campanha publicitária é bastante apelativa, já que se
restringe a afirmar que o uso desse tipo de sacola sufoca o planeta.
Se há de fato um interesse maior, uma preocupação real com o
meio ambiente, por que não utilizar essa campanha, ampliando sua mensagem, para
educar os usuários quanto aos reais danos que o plástico (e não só as sacolas)
pode causar, enfocando a prática de reutilização e da destinação adequada?
Importante também observar que a pesquisa do Datafolha
apurou que 88% dos usuários de sacolas plásticas já possuem o hábito de
reutiliza-las, sendo que destes, 96% fazem uso delas pra acondicionar lixo. Isto é
um fato: no prédio em que moro, a quase totalidade do lixo é disponibilizada
pelos moradores em sacolas de supermercado. Alguém já tem uma resposta para
qual o meio de dispor desse lixo na ausência das sacolas plásticas?
E, a mesma pesquisa aponta que 64% das pessoas entendem que
é obrigação do supermercado fornecer o meio para carregar as compras.
De fato, o costume de fornecer algum tipo de embalagem para
o comprador portar suas compras remonta o próprio início da transação
comercial. Assim, se os supermercados estão mesmo tão preocupados com a
natureza, porque não assumem o custo de outro tipo de embalagem como, talvez,
aquela biodegradável, feita a partir do amido de milho, que alguns
estabelecimentos querem vender por dezenove centavos cada.
Por tudo isso, penso que a APAS, com essa campanha junto do
Governo do Estado, não está fazendo nada de social ou pela natureza. Antes, está
mesmo é cumprindo sua função primária de defender os interesses de seus associados.
Afinal, com essa única campanha, vai gerar aos supermercados: 1) a economia
relativa ao custo das sacolas plásticas; 2) a possibilidade de venda de um novo produto –
as sacolas retornáveis ou as biodegradáveis. Afinal, ninguém leva as compras
pra casa senão em algum tipo de sacola; e 3) reforçar a venda de sacos PLÁSTICOS
para lixo. Na ausências das famosas sacolinhas os 96% que hoje fazem uso delas
pra dispor o lixo, vão ter que comprar sacos para lixo.
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